Letra: (1771-1854); tradutor desconhecido.
Música: (1792-1858).
Um pobre e aflito viajor
Por meus caminhos ao cruzar
Auxílio suplicou-me e amor
E eu não pude lhe negar.
Seu nome nunca perguntei
Qual seu destino ou sua grei
Mas seu olhar, consolação
Me trouxe ao triste coração.
A minha mesa tão frugal
Estava posta quando entrou.
Tão fraco estava que, afinal,
Eu tudo dei-lhe, ele tomou
Mas deu-me parte a mim também
Qual pão do céu, manjar do além
Aliviou-me toda a dor
Qual do maná foi seu sabor.
De um regato o vi se aproximar
Cansado e só chegar ali
Mas já sem forças tropeçar
Ao pé da fonte o socorri
Em seu auxílio me apressei
Meu próprio copo lhe ofertei
Após beber, também bebi
E sede nunca mais sofri.
Em noite horrível, a chamar,
Mesclada ao som do furacão,
Sua voz ouvindo o fui buscar
E dei-lhe abrigo e proteção.
Calor e roupas eu lhe dei
Meu próprio leito lhe ofertei
No chão deitei-me a repousar
E foi tão doce o meu sonhar.
Na estrada, um dia, o encontrei,
Ferido e prestes a morrer;
Seu corpo e alma confortei,
Curei-lhe as dores e o sofrer.
Oculta dor que me afligia,
Naquele instante eu não sentia
E nunca mais essa aflição
Tornou ferir meu coração.
Na prisão, um dia, o vi chorar
Sob o rigor da humana lei;
As torpes línguas fíz calar
E sob escárnio honra lhe dei.
Por ele me pediu morrer
Senti a carne, vil, tremer
Mas forte o espírito venceu
E respondi-lhe: “Aqui estou eu.”
O estranho, então, se transformou
Naquele instante e mesmo ali
As mãos e o lado me mostrou
Meu Salvador reconheci.
Meu pobre nome ouvi chamar:
“Tu que soubeste assim me amar,
Dando aos humildes teu amor,
Vem para o gozo do Senhor.”